Desafio da Equipe Grandes Felinos: Kenya Wildlife Trust

O que inspirou você a adotar esta linha de trabalho?

Uma combinação de perseverança e uma série de eventos favoráveis levaram-me a ser ecologista de preservação. Quando criança, eu adorava o ar livre, e o foco de minhas principais tarefas era cuidar do gado e recolher lenha, o que me deixava curiosa e fascinada pela natureza. Minha atenção era atraída não apenas pela vasta savana tropical que me consumia enquanto eu cuidava do gado, mas também por pequenos erros aparentemente insignificantes – e todo o restante. No entanto, enquanto eu crescia, observava os habitats naturais diminuírem gradualmente, o que significava caminhar longas distâncias para buscar lenha. Além disso, fui testemunha da degradação das florestas e da perda das espécies em uma idade muito precoce; eu queria contribuir para um mundo melhor e para a proteção das florestas. Essa experiência gravou em mim a conexão entre os meios de subsistência humanos, a preservação e os recursos naturais, particularmente das mulheres que normalmente são responsáveis por recolher lenha.

Na escola, minhas curiosidades incluíam uma eterna paixão pela vida selvagem, e meus interesses se refinavam enquanto eu me esbaldava em literatura científica sobre vida selvagem e assistia a séries de documentários da National Geographic. Meus pais me motivavam a prosseguir: fazer mais perguntas, estudar com maior dedicação. Durante a faculdade, aprendi que eu poderia combinar minhas duas paixões em uma única carreira. Meu orientador, o Dr. Jacob Goheen, da Universidade de Wyoming, foi parte integrante da luz para o meu caminho em direção a ter mais paixão tanto pelas pesquisas aplicadas quanto por preencher a lacuna entre ciências naturais e ciências sociais. Ele me deu alguns dos desafios mais difíceis de minha carreira acadêmica até aquele momento. Meu trabalho até hoje tem envolvido a investigação de como uma preservação eficaz de grandes carnívoros pode ser alcançada no leste da África defendendo a coexistência entre humanos e a vida selvagem.

Analisando minha jornada rumo à preservação, não posso dizer que os últimos dez anos foram fáceis. Tenho enfrentado muitos desafios para estar onde estou hoje, mas minha paixão inicial pelas ciências e meu amor em expansão eterna pela preservação me deram combustível mais do que suficiente para perseverar na adversidade e aproveitar cada oportunidade que surgiu. Agora, estou animada e ansiosa por iniciar um novo capítulo de minha vida por meio do trabalho com a KWT (Kenya Wildlife Trust) como Diretora do Programa Preservação de Predadores de Mara.

Qual é a coisa mais memorável (estranha, engraçada, perigosa) que lhe aconteceu em campo?

Cada dia é uma aventura imprevisível na vida de um cientista de ecossistema, mas há um momento que não me sai da cabeça, e eu gosto de contar esta história. O sol estava nascendo e eu procurando uma leoa (Pasha), desaparecida havia muito tempo. Após procurar sem muito sucesso durante a melhor parte da manhã, eu estava prestes a abandonar aquela missão de busca, quando, de repente ela surgiu de uma moita próxima (a 50 m) e repentinamente estava ali, em frente ao caminhão! Neste único dia, meus olhos de águia haviam falhado enquanto eu estava tão concentrada nos pontos do radar que me esqueci de procurar ao redor.

De repente, tive uma sensação de perigo quando vi uns dois filhotes minúsculos surgirem da moita antes que eu pudesse me recompor para me afastar; ela saltou, de repente, na parte de trás do veículo e começou a rugir.  A única reação apropriada que poderia me vir à mente era gritar, mas com base em meu treinamento em técnicas de ecossistemas, a reação era JAMAIS CORRER! Venhamos e convenhamos que, nessa circunstância, com apenas uma tela de janela separando você de uma leoa feroz é definitivamente difícil colocar a teoria em prática. Dessa forma, para evitar desencadear sua reação predatória, eu fiquei parada até ela começar a recuar lentamente. Essa experiência deu-me definitivamente a resistência da qual sempre me beneficiarei em minha carreira como ecologista.

Como você planeja usar os fundos do Desafio da Equipe dos Grandes Felinos?

Os fundos para os grandes felinos serão utilizados para custear despesas com:

  • Desenvolvimento da demografia da população de predadores por meio de um intensivo monitoramento com duração de 90 dias dentro e fora da migração, utilizando técnicas espacialmente explícitas de captura e recaptura (SECR), armadilhas fotográficas e observações de turistas.
  • Compreender e identificar áreas/corredores de dispersão fundamentais para melhorar a conectividade ecológica dentro do ecossistema Mara-Serengeti utilizando coleiras com monitoramento via satélite

Saiba mais sobre os outros projetos:

Rainforest Connection

Projecto C.A.T.

Fundo para o Leopardo da Neve

Desafio da Equipe Grandes Felinos