Desafio da Equipe Grandes Felinos: Fundo para o Leopardo da Neve
O que o inspirou a adotar esta linha de trabalho?
O caráter esquivo do leopardo da neve e meu fascínio pela tecnologia! Os leopardos da neve foram equipados pela evolução para sobreviver nas montanhas e para permanecer praticamente invisíveis, uma caraterística que lhes rende o nome de “fantasma das montanhas”. A única maneira de melhor entendermos e preservarmos a espécie é fazer uso eficiente da tecnologia. Telemetria por satélite, armadilhas fotográficas infravermelhas, drones, inteligência artificial, sensoriamento remoto e computação avançada são alguns dos desenvolvimentos tecnológicos que estão nos ajudando a melhor compreender, monitorar e preservar os leopardos da neve. Aspectos técnicos à parte, a oportunidade que eu tenho de trabalhar em algumas das mais belas paisagens com algumas das pessoas de grande coração e de bela alma está entre duas de minhas principais inspirações para trabalhar com os leopardos da neve.
Qual é a coisa mais memorável (estranha, engraçada, perigosa) que lhe aconteceu em campo?
Ver um leopardo da neve na natureza é uma oportunidade extremamente rara. Minha experiência mais memorável foi a de ficar cara a cara com um leopardo de neve no sul de Gobi, na Mongólia, enquanto ele escalava uma saliência em uma fuga em altíssima velocidade, quase silenciosamente, quando deparou comigo em pé, a dois metros de distância. Ele me olhou com seus grandes olhos surpresos, como se estivesse dizendo: “Como você conseguiu chegar tão perto de perto de mim, que devo ser invisível!?” Esses três segundos de interação silenciosa com um grande leopardo da neve com o rosto fortemente marcado estão gravados permanentemente em minha memória. O grande felino virou-se rapidamente e trotou, tomando seu caminho, como uma corda sendo puxada para longe na encosta da montanha.
Como você planeja usar os fundos do Desafio da Equipe Grandes Felinos?
Apesar de anos de pesquisa, sabemos pouco sobre quantos leopardos da neve vagueiam pelas montanhas espalhadas em 12 países e em quase 2 milhões de quilômetros quadrados. A Declaração Bishkek de 2017 destaca a necessidade de métodos cientificamente sólidos a serem aplicados para estimar as populações de leopardo da neve em toda a sua extensão. Recentes avanços tecnológicos disponibilizaram armadilhas fotográficas infravermelhas para pesquisadores que servem como olhos vigilantes nas montanhas. O único problema é o alto custo dessas câmeras, que são resistentes o suficiente para suportar as dificuldades do habitat do leopardo da neve, duram tempo suficiente para dar oportunidade aos leopardos da neve de tirarem seus selfies e, ainda assim, serem rápidos o suficiente para despertar ao sinal de um movimento dentro de seu campo de visão. Para obter dados utilizáveis para estimar as populações de leopardos da neve por meio de cálculos sofisticados, são necessárias dezenas dessas armadilhas fotográficas operando simultaneamente nas montanhas durante diversas semanas. Os fundos gerados pelo Desafio da Equipe Grandes Felinos serão utilizados para expandir nossos esforços contínuos de fazer estimativas da população de leopardos de neve na República do Quirguistão. Como essas câmeras enfrentam riscos profissionais constantes, como o de serem mordidas de animais selvagens curiosos, levadas por inundações, enterradas por avalanches e roubadas ou destruídas por caçadores, armadilhas fotográficas adicionais ajudam as equipes de pesquisa em campo não somente a expandir a amostragem, mas também a substituir unidades danificadas ou perdidas sem perder tempo em campo.